O Choque de Gestão foi um programa lançado em 2003 pelo então governador de Minas Aécio Neves. Sua ideia central era reduzir o peso dos recursos destinados à máquina administrativa e ampliar os investimentos destinados a melhorar a qualidade de vida das pessoas em áreas como saúde, educação, segurança, infraestrutura, meio ambiente e geração de emprego e renda, entre outras. Os resultados desses investimentos ficaram perceptíveis em toda Minas Gerais.
Choque de Gestão
Com o passar dos anos, o Choque de Gestão derrubou a crença de que o Estado está condenado a ser sinônimo de ineficiência e desperdício.
O modelo de governança administrativa criado em Minas privilegiou o equilíbrio fiscal, a meritocracia, a valorização do servidor, a transparência e a melhoria do planejamento de investimentos.
Equilíbrio fiscal
Depois de quase uma década de desequilíbrio orçamentário e financeiro, entre 1995 e 2002, o Governo de Minas buscou o equilíbrio entre sua receita e suas despesas. Conseguiu rapidamente sanear suas finanças e equilibrar as suas contas. Já em 2004, o Executivo alcançou o equilíbrio fiscal, conhecido como Déficit Zero.
Para 2003 havia uma previsão de déficit de R$ 2,4 bilhões. Faltavam recursos para as despesas, até mesmo para o pagamento em dia da folha de pessoal. E o Estado não dispunha de recursos para pagamento do 13º salário de 2002. Gastava-se nada menos que 72% da receita líquida só com a folha de pessoal. Havia inadimplência com o governo federal, resultando na suspensão de repasses de recursos. Descumpria-se a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Havia uma grande dívida com fornecedores, ausência de crédito internacional, fuga de investimentos privados e deterioração da infraestrutura pública. Os investimentos com recursos do Tesouro Estadual praticamente não existiam.
Para todos os órgãos foram analisadas as despesas contratuais, adequando o orçamento do Estado à sua capacidade financeira. E foi feito um grande esforço de arrecadação por meio do gerenciamento matricial da receita.
Grande reestruturação administrativa
Logo no início, em 2003, o número de secretarias de Estado foi reduzido de 21 para 15, o equivalente a um corte de 30%, mediante a fusão de diversas delas. O organograma do Executivo mineiro passou a equivaler a menos da metade da estrutura de ministérios do governo federal, colocando-se em prática o princípio de se gastar menos com o Estado e mais com o cidadão.
Houve corte de, aproximadamente, 3.000 cargos comissionados – de livre nomeação e que podiam ser preenchidos sem concurso público – e funções gratificadas.
Os salários do governador, do vice-governador e dos secretários de Estado também foram reduzidos. O governador baixou seu próprio salário em 45%, passando de R$ 19.080 para R$ 10.500. O do vice-governador caiu de R$ 14.300 para R$ 9.000 e dos secretários foi reduzido de R$ 9.540 para R$ 8.000.
Valorização do servidor
De 2003 a 2014, o Governo de Minas adotou medidas sem precedentes na história do Estado para valorizar os servidores públicos e, simultaneamente, promover um salto de qualidade na prestação de serviços públicos para a população.
Reestruturou as carreiras, beneficiando ativos e aposentados, e os servidores passaram a ter o seu trabalho reconhecido em função dos resultados para a população e a ganhar mais pelas metas atingidas, com a criação do Prêmio por Produtividade, além do Adicional de Desempenho (ADE).
Desde o início, os servidores foram beneficiados também pelo fim da escala de pagamentos. Os salários passaram a ser depositados no quinto dia útil de cada mês e o 13º salário passou a ser pago integralmente em dezembro.
Planejamento
O Estado implantou, baseado em metas e prioridades estabelecidas, a avaliação de desempenho dos órgãos públicos. Por meio do Acordo de Resultados, as secretarias e órgãos da administração indireta firmavam um pacto pelo cumprimento de metas e ações definidas e de fácil compreensão. E os servidores recebiam o Prêmio por Produtividade pelo cumprimento das metas pactuadas. Cada escola, cada hospital, cada equipe recebia um valor de prêmio de acordo com o seu desempenho.
Os hospitais pactuavam, por exemplo, a redução da taxa de infecção hospitalar e a taxa de mortalidade em UTI neonatal. As escolas pactuavam, por exemplo, o percentual de alunos do Ensino Fundamental no nível recomendável de leitura, avaliado pelo Programa de Alfabetização (Proalfa).
Ética
O Governo de Minas adotou também medidas administrativas com foco na manutenção da conduta ética. Em 2003, em clara demonstração de compromisso com a moralidade pública, criou o Conselho de Ética Pública e o Código de Conduta Ética do Servidor Público e da Alta Administração. E em cada órgão ou entidade foram criadas Comissões de Ética para auxiliar o Conselho no zelo pelo cumprimento dos princípios e regras éticas e da transparência.
Criou também auditorias preventivas, outra medida pioneira. Por meio delas, um auditor lotado em cada secretaria e autarquia passou a acompanhar toda a execução das despesas públicas.
Melhoria do ambiente de negócios
Criado em 2003, o programa mineiro de desburocratização Descomplicar – Minas Inova simplificou processos e reuniu os órgãos responsáveis pela abertura de empresas num só lugar. O tempo médio de abertura de empresas no estado caiu de 45 para seis dias. O prazo para encerramento de empresas também reduziu, passando de 39 para 13 dias corridos até 2014.
Reconhecimento do equilíbrio fiscal
No início do governo do PSDB em Minas, o Déficit estimado para 2003 era de R$ 2,4 bilhões. Com as medidas tomadas, o equilíbrio foi alcançado no final de 2004. Esse equilíbrio ficou conhecido como Déficit Zero. O Governo Lula foi o primeiro a reconhecer o equilíbrio das contas (Déficit Zero) do Governo de Minas. Depois vieram os organismos internacionais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano.
O êxito das medidas do Choque de Gestão pode ser avaliado em dois fatos:
– Em função da qualidade da Gestão Pública implantada em Minas, o Banco Mundial escolheu o Estado para fazer a primeira experiência em larga escala de financiamento no qual a contrapartida oferecida não era financeira, mas a excelência em gestão.
– Em abril de 2007 o governador Aécio Neves foi convidado pelo Banco Mundial a apresentar, na sede da instituição em Washington, para especialistas do Banco de diversos países, o conjunto de medidas implantadas em Minas.
A imprensa (Leia mais: Revista Época) registrou que o Choque de Gestão de Minas influenciou até a presidente Dilma Rousseff, que passaria a usar o slogan mineiro de fazer mais com menos.